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A literatura como antropologia especulativa (conjunto de variações)

“Os textos que compõem este livro, atravessados por uma prodigiosa invenção conceitual, apoiados em uma impressionante erudição e marcados por grande sensibilidade, se situam no cruzamento de pelo menos três áreas de conhecimento, representadas no título mesmo do livro: a teoria da literatura, a antropologia social, a metafísica. Uma concepção radicalmente nova da enunciação ficcional; uma reflexão brilhante sobre a ontologia sui generis da coisa literária; uma religação, em bases antropologicamente sofisticadas, da poesia e do romance modernos com a estoricidade do mito, esse discurso das origens que é discurso sem origem e origem absoluta do discurso. Entre muitas outras não menos, o livro nos dá páginas luminosas sobre Rosa, e Clarice, e Oswald – a tríade maior do pensamento (sim) brasileiro –; e sai do Brasil por uma Sherazade palestina (sim); e lê as Metamorfoses com as Mitológicas… O livro de Alexandre Nodari tem a força de um verdadeiro acontecimento intelectual, que muda o modo como pensamos o lugar intrinsecamente paradoxal da ficção (do texto e do gesto, do autor e do ator, do leitor e do espectador, da voz e da letra) dentro da selva infinita do que chamamos – depressa demais – de ‘realidade’. Uma viagem à volta do eu, que nos leva a muitos outros. Revolução: como se dizia” (Eduardo Viveiros de Castro)

Sobre o livro:


Literatura, tradução e cosmologias indígenas
Organização de Alexandre Nodari e Adalberto Müller (Cultura e Barbárie, 2024)

Literatura, Tradução e Cosmologias Indígenas é o fruto de um simpósio homônimo realizado na UFF em novembro de 2023. Os autores dos textos aqui apresentados são pesquisadores das áreas de teoria literária, literatura brasileira, tradução, antropologia e comunicação, unidos em torno da proposta de intervir no debate sobre as diversas fronteiras e formas de contato e diálogo da cultura letrada brasileira com as cosmologias dos povos originários do Brasil. Nas últimas décadas, a tradução dos “textos” indígenas passou a ser um problema de grande relevância para a antropologia brasileira, sobretudo com aquilo que a antropologia nomeou artes verbais – e que os estudos literários classificaram o mais das vezes com os conceitos, nem sempre adequados para o caso, de “literatura oral” ou “performance”. Na história da literatura brasileira, as cosmologias indígenas sempre sofreram simplificações e reduções num processo tradutório de “domesticação”. No entanto, novas perspectivas antropológicas e literárias vêm tentando reverter esse processo, e formas mais dialógicas de transcrição e edição das palavras ancestrais vão abrindo novos caminhos de comunicação entre mundos tão estranhos e ao mesmo tempo tão familiares e tão necessários à compreensão das nossas raízes e à luta contra a devastação ambiental.

Com textos de Marco Lucchesi, José Luís Jobim, Alexandre Nodari, Guilherme Gontijo Flores, Adalberto Müller, Bruna Franchetto, Álvaro Silveira Faleiros, Pedro de Niemeyer Cesarino, Ian Packer, Luciana De Oliveira


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